SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE SANTA LUZIA DO PARUÁ REALIZA "SOLETRANDO"
O Ensino de Língua Portuguesa numa perspectiva (sócio)linguística perpassa pela valorização de todos os aspectos da língua, do rural ao urbano, do informal ao formal, da variante regional à norma considerada culta. Há falsos entendimentos dessa ideia quando se acredita que a variante tida como “padrão” agora deve ser esquecida, uma vez que agora o que importa é a comunicação. O aluno “errou”, mas se comunicou. Então, tudo é válido. Não se pode negar que os chamados erros das variantes menos prestigiadas são sem dúvida possibilidades normais de uso da língua e como tal devem ser valorizadas em prol da extinção de qualquer preconceito linguístico. Mas, se objetivo é comunicar, e não sendo trabalhados na escola os aspectos formais da língua, o aluno o saberia diante da exigência de um momento em que a norma “culta” é usada? O “erro” ortográfico deve ser ignorado? Bortoni-Ricardo já diz que
“há uma diferença crucial no tratamento pedagógico de “erros” na produção oral do aluno, que a Sociolingüística considera apenas como alternativas associadas a variantes e estilos diversos, e o erro ortográfico, que consiste numa hipótese heurística mal sucedida na aprendizagem da tecnologia da escrita. O erro ortográfico precisa sempre ser corrigido para que o aluno adquira domínio dessa tecnologia.”
Com base no pensamento de Bortoni-Ricardo, que estratégias os educadores de Língua Portuguesa podem lançar mão para um trabalho que valorize a ortografia? Em tempos de mudanças formais advindas no Novo Acordo Ortográfico o peso da pergunta dobra. Bem, nós aqui de SLP, “copiamos” a ideia do Programa de TV “Caldeirão do Huck”, do quadro “Soletrando”, em busca de um incentivo ao estudo das formas “cultas” de se escrever, já que, por excelência, a escola é o lugar onde isso deve ser feito.
Tentamos reproduzir os detalhes do programa: as cabines foram feitas com material reciclável (madeira de refugo); as lâmpadas foram acondicionadas em invólucros feitos com garrafa pet: A azul, indicando a vez do aluno a pronunciar a palavra, o verde, o acerto da palavra e o vermelho, o erro.
As nove escolas com alunos na faixa etária de 10 a 14 anos, fizeram eliminatórias entre as classes, classificando seu representante. A equipe responsável pelo Soletrando em SLP, visitou cada aluno escolhido, entrevistando-lhes e aos seus pais, redundando tudo num vídeo, que retratasse o perfil desse aluno enquanto estudante.
No grande dia, o evento foi realizado no Ginásio Poliesportivo, com a presença de todos os alunos. A cada aluno chamado para compor as cabines, o vídeo com seu perfil era exibido.
As palavras para pronunciação foram escolhidas pelo coordenador do evento, Professor Jocelmo Costa Aires. Os alunos tiveram que estudar as regras do Novo Acordo, pois havia a exigência de se pronunciar as palavras, já com a mudança, caso fossem sorteadas.
As escolas participantes: Laura Estrela, Carlindo Alves, Alto do Abel, Odyllo Ignácio, Hilton Rodrigues, Adonias Carvalho, Raimundo Carvalho Ramos, Carlos Drummond e Benedita Ayoub.
Foram realizadas eliminatórias de três em três escolas, ficando para final: Carlindo Alves, Hilton Rodrigues e Odyllo Ignácio.
O grande vencedor foi o Aluno Antonio Janiel Lima Santos, de 14 anos, estudante da escola Carlindo Alves.
Segundo o professor Jocelmo, o objetivo do evento foi alcançado, já que acredita ter havido incentivo ao estudo da ortografia, à leitura e ao próprio interesse nos estudos.
REFERÊNCIA:
BORTONI-RICARDO, Stella Maris (2006). O estatuto do erro na língua oral e na língua escrita. In: GORSKI, Edair Maria; COELHO, Izete L. (Orgs.) Sociolingüística e ensino: contribuições para formação do professor de língua. Florianópolis: UFSC, p.267-276
Jocelmo, parabéns a você e à SEMEC pela iniciativa! O 'Soletrando', de forma interessante e lúdica, possibilitou aos alunos e à comunidade uma oportunidade de ampliar seus 'graus de letramento'. Continuem trabalhando em prol de uma Educação (Socio)linguística!
ResponderExcluirUm grande abraço!
Ana Dilma Almeida (Bsb/DF)