QUEM APRENDE MAIS, ENSINA MELHOR - Por Jocelmo Costa Aires

Estive lendo os depoimentos dos cursistas sobre a avaliação que fazem do curso até o momento. Para essa avaliação, usamos o método do “complete as frases: que bom que... /que pena que..../ que tal se...” e, por mais que esteja acostumado a ouvir sugestões, elogios, reclamações e críticas, sempre me surpreendo com alguma coisa. É engraçado que sempre que estou lendo, ouço a voz do cursista, vejo a expressão do seu rosto e me sensibilizo com o relato de suas experiências e aspirações. Quando um cursista diz: “que bom que estou nesse curso!”, “que pena que o tempo de estudo é curto!” ou “que tal se fosse todos os sábados?” me advém um desejo de transformar aquelas oito horas quinzenais num momento mais proveitoso possível, com atividades que possam compensar o tempo curto de estudos e, então, suprir as expectativas de cada um. E, quando um cursista me diz que gostaria de entender mais o que falo durante o encontro, essa vontade multiplica por mil. Sem dúvida, como apregoam os grandes nomes da educação, avaliação é uma grande atividade reflexiva, através da qual podemos traçar caminhos para a melhoria da qualidade do nosso trabalho. Sim, porque quando planejamos nossas tarefas, de certo modo, acreditamos que todos os objetivos serão alcançados plenamente. Pura ilusão! É preciso sempre refletir para melhorar!

Outra surpresa nessas frases completadas foi a presença quase unânime da expressão: “que tal se fossem menos tarefas para casa?”. Comecei então a cogitar os motivos que levaram os nossos colegas cursistas a reclamar da quantidade de tarefas. Pensei no trabalho que cada um tem com seus alunos, nos problemas pessoais que devem enfrentar e na quantidade de outras exigências que lhes são feitas no trabalho. Não deixam de ter sua razão! Pensei, inclusive, em diminuir o número de atividades. Todavia, calculei o peso que isso poderia trazer na aprendizagem e constatei que, apesar de amenizar o sofrimento dos colegas, não valeria à pena. O estudo, para o conhecimento, é imprescindível; a leitura contumaz dos fascículos é absolutamente essencial para a compreensão da proposta do curso e, consequentemente, para a melhoria da qualidade do exercício pedagógico nas séries iniciais. Ora, não é isso que queremos? Os velhos jargões populares já diziam que não há vitória sem luta! A aspereza de nossa tarefa diária não pode ser motivo de desânimo. É consenso: estudar não é fácil! Não é mesmo! Deveríamos lembrar disso quando exigimos às nossas crianças determinado “dever de casa” e, principalmente, do rostinho delas quando vêm nos dizer que não trouxeram o bendito dever!

Ao assumir uma sala de aula, não ficamos diante apenas de alunos; a partir desse momento estamos lidando com vidas! Seremos responsáveis por elas boa parte do tempo delas e também do nosso. E com esse compromisso nas mãos, não é de bom grado fazermos o melhor que pudermos?

Costumamos “ensinar” nossos alunos da mesma forma como fomos “ensinados” e isso não pode acontecer porque o mundo muda e com ele as pessoas também. É positivo que trabalhemos como vinte anos atrás? Da mesma forma, será que daqui a vinte anos, continuaremos a ensinar como hoje? Como disse, tudo muda com o tempo e a única forma de acompanhar essa mudança é através do estudo, do esforço, da dedicação. Também não é preciso “ficar doido” de tanto estudar, dedicar um tempinho todos os dias para essa tarefa já é suficiente! Não é lição de moral. Tento demonstrar apenas a importância do aprendizado para as nossas vidas. Fica o meu incentivo para que não desistam. Minha felicidade é aprender com vocês a cada encontro. Enriqueço-me ao ouvir cada experiência. Leiamos mais! Aprendamos mais! Nossos alunos merecem o nosso melhor! Nós merecemos ser melhores a cada dia, afinal, quem aprende mais ensina melhor!

(Fonte: Informativo PRÓ-LETRAMENTO - junho de 2008)